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AGROTÓXICOS

 

O crescimento da população mundial traz consigo vários problemas, sendo que entre eles está a questão da produção de alimentos que precisa suprir esta demanda. Para alimentar 8,9 bilhões de pessoas, número previsto para até 2050, deve-se produzir mais alimento do que já foi produzido desde o início da agricultura há 10 mil anos e fazê-lo de forma sustentável.

Essa grande produção requer meios, como o uso de grandes extensões de terra, o uso de máquinas e equipamentos e o uso de produtos químicos, agrotóxicos e/ou fertilizantes, que irão garantir essa produção, tanto pelo maior uso das terras quanto pelo serviço de controle de pragas.

Para fazer o controle das pragas foram desenvolvidas substâncias químicas, os agrotóxicos. O uso desses produtos químicos tem aumentado muito a produção, mas o seu uso indiscriminado e sem os devidos cuidados, acarretam muitos problemas, tanto ambientais quanto para a saúde de animais e do próprio homem.

Estudos da Academia Nacional de Ciências afirmam que a exposição e resíduos de pesticidas permitidos por lei em alimentos provoca de 4 mil a 20 mil casos de câncer por ano, nos Estados Unidos. Os agrotóxicos são perigosos para a saúde no sentido de que alguns tipos aumentam sua concentração quando avança na cadeia alimentar, esse processo é chamado biomagnificação, como exemplo, a maioria dos organoclorados tem esse poder de biomagnificar-se.

Cuidados com a aplicação: os agrotóxicos, no momento da aplicação, podem penetrar no corpo do aplicador por quatro vias: a pele (mãos, braços, pernas e pés), o aparelho respiratório, a boca e os olhos, por isso é muito importante o uso de EPI (equipamento de proteção individual), o protetor para o rosto, luvas, óculos de proteção, botas, macacão ou calças compridas e camisa de mangas longas, chapéu ou boné e máscara respiratória. Depois de usadas, as embalagens dos agrotóxicos não podem ser reutilizadas, nem jogadas em qualquer lugar, devem ser colocadas em locais apropriados para lixos tóxicos. O aplicador não pode também lavar as mãos, as roupas e o aparelho que usou nas fontes de água, para evitar o risco de envenenamento de pessoas e animais. Os recipientes, latas, vidros ou caixas dos agrotóxicos têm uma faixa colorida que indica o grau de toxidade do produto: os de faixa vermelha indicam que o produto tem alto grau de toxidade, sendo extremamente perigoso, os de faixa amarela são menos tóxicos que os de faixa vermelha, os de faixa azul tem toxidade média e os de faixa verde são os menos tóxicos. O agricultor precisa estar bem informado sobre os perigos, sobre os tipos de defensivos indicados para cada tipo de praga e para isso é muito importante a ajuda de um técnico especializado.

 

Vantagens e desvantagens dos pesticidas sintéticos

 

Aqueles que são contra o uso disseminado de pesticidas acreditam que seus efeitos nocivos superam seus benefícios e argumentam principalmente que:

Esses produtos aceleram o desenvolvimento de resistência genética a pesticidas nas pragas, pois através da seleção natural as pragas sobreviventes darão origem a pragas mais potentes;

Alguns inseticidas matam predadores e parasitas naturais que ajudam a controlar as populações de espécies pragas;

Os pesticidas não permanecem no local, se espalham para outros ambientes, prejudicando a vida selvagem e a saúde humana;

 

Aqueles que defendem o uso de pesticidas argumentam o seguinte:

 

·Eles podem salvar vidas, eliminando insetos transmissores de doenças;

·Aumentam a provisão alimentar;

·Elevam os lucros dos agricultores;

·Trabalham rápido e melhor que as alternativas;

·Quando utilizado adequadamente, seus riscos a saúde são muito baixos se comparados a seus benefícios;

·Pesticidas mais recentes são mais seguros e eficazes do que muitos antigos. Diante desses argumentos, surge a idéia de que seria necessário um tipo de pesticida ideal, que tivesse no mínimo essas qualidades:

·Mataria somente a praga desejada;

·Não causaria resistência genética;

·Desapareceria ou seria decomposta em substâncias inofensivas depois de realizar sua tarefa;

·Custaria pouco dinheiro.

 

Mas até o momento essa substância ainda não foi encontrada.

 

Métodos alternativos para substituir ou diminuir o uso de agrotóxicos:

Controle biológico é um procedimento que envolve a manipulação dos inimigos naturais de pragas. Os insetos tem sido os principais agentes de controle biológico contra insetos-praga e ervas daninha. Mas embora essa seja uma opção plausível, essa técnica precisa ser bem avaliada e acompanhada para evitar que acabe se transformando em um novo problema.

Agricultura Orgânica que tem como base a manutenção de fertilidade do solo, evitando poluição, usando a técnica de rotação de culturas, leva em conta o bem estar animal e aspectos ambientais e não utiliza herbicidas e pesticidas sintéticos, apenas naturais. Assim como outras técnicas precisa ser bem planejada e dispor de conhecimento acerca de seu processo.

Uso do MIP (Manejo Integrado de Pragas) é semelhante ao controle biológico, ele combina controle físico (Ex: manter as pragas longe das lavouras), controle cultural (Ex: fazer rotação de culturas, para as pragas não se estabelecerem), controle biológico e químico, bem como a utilização de variedades resistentes, mas esse processo necessita de administradores ou consultores especializados em pragas. A essência do MIP é adotar as medidas de controle ajustadas ao problema das pragas, pois cada uma tem suas peculiaridades.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

O uso de agrotóxicos envolve muitos prós e contras. Olhando essa problemática do uso ou não de agrotóxicos ou de alternativas para se conseguir uma produção alimentícia em grande escala, muito voltada para os interesses econômicos, esses interesses não levam em conta a qualidade em termos de saúde e ambiente do que é produzido, apenas o lucro que é gerado por esta ação. Quando se fala em substituir o uso de agrotóxicos por alternativas mais naturais e ecológicas os interesses econômicos também estão à frente, pois essa mudança pode significar a princípio uma diminuição na produção e um gasto inicial maior, principalmente no sentido de se fazer um acompanhamento mais rigoroso destas técnicas.

Acredita-se que o uso de alternativas para diminuir o uso dos agrotóxicos é algo que precisa realmente ser colocada em prática, principalmente a agricultura orgânica, mas é um processo lento e precisa ser bem avaliado para não provocar problemas futuros como é o caso dos agrotóxicos.

Outro ponto que gostaria de destacar é que os agrotóxicos seriam bem menos agressivos se fossem usados de maneira correta, com os cuidados e acompanhamento necessários, levando em conta o alvo e o ambiente onde será aplicado e seus efeitos imediatos e a longo prazo.

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